A Rolha e o Narciso
Gosto quando me provocam nem que seja de forma indirecta. Faz com que me apeteça escrever de novo, coisa que nestes últimos tempos não me tem apetecido devido a várias razões, uma delas o calor que se faz sentir.
Diz o Pedro Machado que é uma hipocrisia atacar a lei da rolha e não atacar a expulsão dos 200 militantes do PS. Sendo que o Pedro Machado é por demais conhecido por empregar palavras sem saber o que elas significam a afirmação não surpreende mas, e numa perspectiva de serviço público, passo a explicar porque é que, no meu entender, a Lei da Rolha e o "Caso dos 200" não têm semelhanças.
Para isso vou utilizar um exemplo simples para que o Pedro Machado consiga compreender (desculpem os restantes leitores do Sarrafada mas por vezes é necessário descer ao (baixíssimo) nível intelectual daqueles que nos provocam).
A "Lei da Rolha" que (ainda) existe no PSD pode ser comparada a um fulano que é sócio de um clube de futebol, que tem as quotas em dia, que vai aos jogos todos e berra que nem um camelo e que apoia a equipa nos bons e nos maus momentos mas que é contra algumas decisões da direcção do clube e faz oposição interna. Devido a isto é expulso do clube e nunca mais o deixam entrar no estádio. Isto, do ponto de vista da liberdade de expressão, é errado e condenável pois a liberdade de expressão não deve ser cerceada nunca.
No "Caso dos 200", do qual Narciso Miranda é a face mais visível devido a uns media sedentos de notícias e sangue durante esta silly season, não é a liberdade de expressão DENTRO do clube de futebol que está em causa.
O caso daqueles militantes assemelha-se a uns fulanos que pagam as quotas do clube, para aproveitar as viagens mais baratas quando o clube se desloca ao estrangeiro, e depois quando lá chegam torcem pelo adversário.
Obviamente deveriam ser expulsos pois quando se entra num clube aceitam-se as regras, sendo uma delas, não irás apoiar o clube adversário. Isto nada tem a ver com liberdade de expressão mas sim com aceitar as regras quando se está dentro de uma organização seja ela de que cariz for. Quando se tira a carta aceitam-se as regras estabelecidas no código da estrada ou não? E quem as não cumpre fica sem cartam certo? Não se percebe porque razão deveria ser diferente.
Aliás, o único erro da direcção do PS foi não ter expulso aqueles militantes de imediato e deixar passar tanto tempo até anunciar a decisão.
Mas o calculismo eleitoral fala (sempre) mais alto, infelizmente.
PS: Pedro Machado, quanto ao pão e ao sal estamos plenamente de acordo.