Um clássico da política: a inauguração do Parque Oeste
O Parque Oeste. inaugurado um ano e tal depois porque a malta tem mais que fazer.
Um dos maiores parques de Lisboa fica escondido num canto onde um dia esteve o bairro da Musgueira. Chama-se Parque Oeste e teve inauguração prevista para Maio de 2009. As obras terminaram há meses, mas a coisa esteve fechadinha à espera que os senhores doutores pudessem vir cortar a fita, que isto de ser autarca ocupa muito o tempo de uma pessoa.
É enorme, tem muita relva e laguinhos e, apesar de a arquitecta se ter esforçado ao máximo para o tornar frio e impessoal como o bidé de Darth Vader, até é capaz de vir a encher-se de gente nos dias de Verão.
Apesar dos bancos serem uns blocos minimalistas muito lindos, tão confortáveis como uma colonoscopia.
Apesar das extensas zonas de descampado e da completa ausência de equipamentos que convidem à presença humana. Por exemplo, instalações sanitárias. Quem quiser fazer um cocozinho melhor será que arreie a cueca num canto qualquer e assim contribua para adubar a natureza organizada de forma tão fria que faz a música dos Kraftwerk parecer fado.
Apesar da falta de um cafezinho ou de uma esplanada que impeça as pessoas de morrer de sede a meio da travessia do parque.
Apesar da completa ignorância do gabinete do vereador dos espaços verdes (o Zé, pá!) em relação à zona, o que já levou a que um concurso para um quiosque fosse anulado por falta de interessados.
A impressão com que se fica é que o Parque Oeste, obra e orgulho da Arquitecta Isabel Aguirre, obedeceu à velha máxima dos vitorianos em relação às crianças. O Parque Oeste é para ser visto e não usado.
O que deve lixar imenso é que a população da Alta de Lisboa até parece querer organizar-se (damn them!!!) e contrariar o abandono e falta de respeito da CML pelos munícipes. Já se juntaram para apagar grafitos, e estão a pensar em formas de dar bom uso ao mostrengo verde que lhes colocaram à porta. Por isso, até é possível que o Parque Oeste venha a servir para alguma coisa.
Se quiserem saber mais sobre a linda história da nova zona urbana de Lisboa espreitem o Viver na Alta de Lisboa.