Manifs, Megafones, ETC.
A Manif
Este relato poderia ser pormenorizado, se existissem pormenores. Reza a história (estória) que 85 blogs se organizaram para demonstrarem ao Governo que estavam fartos dos ataques à liberdade de expressão.
Mobilizaram-se, usando a blogoesfera, o Twitter e, supomos o e-mail. Mobilizaram-se. Até vieram (5) do Porto. Não eram muitos. Eram os que mostram as fotografias.
Dizem que eram de todos os quadrantes políticos mas não eram. O dress code era branco, o Jel foi vestido de negro profundo. O seu colega, Falâncio, nem apareceu. Não existiram palavras de ordem.
O ambiente era o do BBC numa sexta-feira à noite com grupos isolados, na palheta. Infelizmente estava sol e não havia copos. Nem croquetes. Nem gajas a atacar os empresários. Havia t-shirts brancas para dar, que sobraram abandonadas numa caixa de cartão. T-shirts que muitos não vestiram por cima do fato cinzento escuro.
Como já disse, não havia copos o que torna qualquer evento social uma seca.
Um repórter da TVI perguntou-me se aquilo ia "encher mais" e antes mesmo que lhe respondesse desatou-se a rir.
A senhora do cartaz, segundo a PSP, aparece em todas as manifestações: é uma manifestante profissional. Seja que causa for. Acabou por ser a imagem de um povo revoltado e amordaçado que afinal não está.
E a razão pela qual não está é a de que, depois de entregarem a petição na AR, os (poucos) que lá estavam voltaram para os blogues. Onde se voltaram a exprimir livremente e, de repente, os números deixaram de interessar.
Era a causa que contava. Não foram capazes de reconhecer que o que se passou em frente à AR podia ter sido um almoço em qualquer lado. Ontem, se existiu alguma manifestação foi a manifestação de como, afinal, o tal do povo amordaçado não entra nestas coisas e deixa-se ficar a ver os programas da tarde nos vários canais de televisão.
O Megafone
As imagens falam por si. Após ter sido (apenas) utilizado para agradecer a presença dos "manifestantes", o megafone voltou ao tiracolo de Vasco Campilho. Quando um grupo restrito foi autorizado a entrar, pela escadaria principal na AR, Vasco Campilho levou o megafone com ele.
Um agente da PSP disse-lhe que deveria voltar atrás e deixar o artefacto na rotunda onde ainda estavam os restantes "manifestantes".
Para o resto existem duas versões:
1) A que Vasco Campilho virou as costas ao PSP que foi atrás dele, tendo Vasco Campilho novamente sido parado ao cima das escadarias por outro PSP e um agente à paisana.
2) A que Vasco Campilho combinou com o primeiro PSP deixar o megafone na portaria da AR.
Se assim foi, não entendo a razão porque foi o primeiro agente da PSP atrás dele. Mas não vamos aqui especular.
ETC.
Quando decidi ir a São Bento fui apenas com uma máquina fotográfica. Queria que a máquina fotográfica falasse por si, que deixasse patente o que aconteceu desde as 12:56h até às 14:45h. Queria também experimentar o modelo de relato em directo via Twitter usando um simples telemóvel com ligação à internet.
Pensei, erradamente, que o Twitter ia estar "a ferver" com informação vinda dos organizadores da manifestação. Não estava. Parecia que lhes tinham cortado o pio. Eu estava lá, "o parvo que tirou o palito mais curto", para passar aos seguidores do Sarrafada o que realmente se estava a passar em frente a São Bento (mas sem conseguir evitar os comentários sarcásticos).
As reacções que tivemos foram positivas e fico (muito) feliz por isso.
Só fico mesmo chateado de ninguém me ter dado uma t-shirt. Ou um gin tónico. Ou de não ter visto o Crespo, a Manuela ou o Moniz.
Realmente é o Gin tónico o que me mais me incomoda em tudo isto.