Liga Europa: Uma fé inabalável no "santinho"
Sempre acreditei que o exemplo vem de cima. Com as devidas diferenças (ou talvez não, já que política e futebol não são assim tão diferentes), como podem os presidentes dos clubes querer que os adeptos não façam asneiras se são os primeiros a instigar as massas com mensagens de ruptura em nome de rivalidades que não deviam passar de saudável competitividade?
A constante insistência de todos os líderes partidários em deixar José Sócrates de fora de um eventual entendimento pós-eleitoral - porque é disso que o país precisa, como até já a Troika fez questão de dizer... - faz prever a continuidade da crise política, independentemente dos resultados na noite de 5 de Junho. Não adianta mendigar-se maiorias absolutas porque as grandes reformas do Estado não se fazem sem dois terços do Parlamento e para isso há sempre que haver... entendimentos.
Até porque, do ponto de vista democrático, não me parece viável deixar de fora o líder de um dos dois partidos que, na volta da maré, é chamado pelos eleitores a formar governo. Pelas sondagens que já começam a circular podem dar-se as voltas que se quiserem, mas não creio que seja possível, simplesmente, ignorar o resultado do PS. Este, para não ficar refém de posições mais extremistas não disse - e penso que não dirá - que não irá querer conversa com qualquer um dos outros partidos. À esquerda ou à direita.
Entretanto, se a pré-campanha tem sido o que temos visto, estou desejoso de ver e ouvir o que virá quando as caravanas forem para a estrada. O PSD já fez saber que não vai à Madeira fazer campanha, ainda que comece a peregrinação nos Açores. Anunciou igualmente, que não colocarão cartazes, mas haverá "muita rua". Os brindes vão reduzir-se a canetas e - aqui o toque de classe - cartões em formato de "santinho" com a cara de Pedro Passos Coelho. Miguel Relvas dixit.
A minha fé inabalável neste santinho é que, com humildade, depois das eleições e se sair vencedor - ainda que em minoria - o líder do PSD não cumpra o que prometeu em recusar entender-se com José Sócrates. Que esteja atento aos recados do PR no Facebook, e que saiba ler os resultados eleitorais como um político que aspira a estadista. Tenho a certeza que se acontecer o contrário será ouvido... até o seu partido o manter como líder. Seja lá o tempo que isso for.
Agradecimento a Pedro Sales