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31 da Sarrafada

31 da Sarrafada

25
Mar11

Liga Europa: Em Belém mora um tipo pouco Fitch

Pedro Figueiredo

 

 

 

O Parlamento votou... e o país vai a votos. Houve, até ao cair do pa no, a ansiedade de que poderia aparecer algum golpe de asa de última hora para que o humoristicamente denominado Plano de Estabilidade e Crescimento (versão 4, muito à frente do iPad!) passasse na Assembleia da República. O aviso já tinha sido dado por Sócrates e Passos Coelho respondeu com a mesma determinação. O problema é que o líder do PSD não percebeu a mensagem do Primeiro-ministro. Sem PEC batia com a porta, mas não a deixava fechada. Era mais um vou ali... e volto já. Ouvi na TSF que na AR ainda se esboçou um aplauso com o chumbo do PEC, mas alguém deve ter entendido a tempo que era o país que saía a perder. Não havia razão para se bater palmas.

 

Sócrates fez um ar de velório e foi a Belém anunciar ao PR o que Cavaco já sabia. Mas já lá vamos. O prato principal fica para depois das entradas. Sócrates foi, depois, à Cimeira da UE num estado que os brasileiros (sem Acordo Ortográfico) genialmente chamam de "cachorro sem dono". Imagino-o cabisbaixo, a pedir miminhos a Angela Merkel, com a chanceler alemã a afagar-lhe o ego com declarações destas à imprensa. Aposto que na São Caetano à Lapa devem ter pensado: mas quem é que a Angela pensa que é? Que manda na Europa?

 

O mais engraçado é que têm de ser os mesmos que andam a cortar no rating nacional e que já fizeram os juros dos títulos da dívida pública triplicar em 12 meses a dar a receita para o sucesso. Já escrevi isso há 15 dias, mas só mesmo no burgo é que não se percebe isso.

 

 

E aqui entra o prato principal. Que os partidos não se entendam, já é crónico. O que não se entende é que o Presidente da República esteja na bancada VIP de Belém a vir o circo a arder e pareça estar até deliciado com o fogo fátuo. Esteve mais preocupado em apagar o fogo com gasolina (desperdícios só ao alcance do Estado, que tem combustível mais barato) do que tentar uma solução. Deve estar pronto para, um dia destes, em tom catedrático, vir dizer ao povo: "Eu bem avisei, concidadãos".

 

Em Belém morava um tipo muito mais Fitch se, em vez de reunir isoladamente com os dois partidos do arco governativo, os chamasse aos dois e tentasse fazê-los ver que o que de facto o país precisa é de entendimentos. Mas não. Isso dá muito trabalho. A magistratura activa do segundo mandato é para dissolver a AR e marcar novas eleições. Isso sim, é trabalho. De secretaria, senhor professor. No fundo, encarna o velho estereótipo do funcionário público do Estado Novo. Na próxima visita de Estado que faça, vou sugerir que lhe ofereçam mangas de alpaca. É nestes pormenores que se vêem os estadistas que marcam a história ou se perde nela.

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