Uma sarrafada bem dada, foi.
O maior, por mais inteligente, crime praticado a 11 de Setembro não foi o uso de aviões comerciais, não foram as torres e o seu desmoronamento não planeado, não foram sequer as vítimas mortais. O crime maior foi o terem sabido, pouco importa quem, usar as mais perigosas das armas: o medo e a estupidez humana. E nesse todos fomos e somos cúmplices, somos quando aceitamos descalçar-nos em público porque uma máquina fez piiii.
Se os eventos ocorridos nesta data no calendário mudaram o mundo, fomos nós que o mudámos, não quem praticou os atentados. Esses limitaram-se a, crua realidade, encenar um grande espectáculo de flash-terrorismo-mob seguido de outros dois, médios mas estratégicos para assegurar a marca da repetitividade imprevisível e posteriores reminders comparativamente suaves para manter a marca presente na mente do consumidor. Marketing puro e do bem feito. Directo ao target (os termos têm estas coincidências...), nós, consumidores rendemo-nos ao produto (as palavras estão a sair muito apropriadas!) e estamos satisfeitíssimos com ele. Ao ponto de nem reclamar dos defeitos e dos transtornos que nos causa.
Por mim, confesso, devolvia o terrorismo ao fabricante invocando motivos de liberdade pessoal e recusa de viver em medo, mas não posso. Não me deixam ir lá devolver porque no aeroporto os meus sapatos fazem piiiii.
Esta música fala de esperança. Explica que a vida se vive livre até o fim.