Vive la France, vive Sérgiô Paulinhô!
Orátão, pois vive la France que hoje é dia importante lá na terra dos franciús.
Eu que há trinta e um anos passei lá este dia - de visita à minha prima Mariette que trabalhava em Grenoble no ménage - sei que aquela gente festeja a sério, assim mesmo em grande. Ele havia bailaricos em todas as praças e pracetas (todas enfeitadas com faixas, rosetas e festões com as três cores da França), enfim, era uma espécie de santos populares mas na França inteira e sem sardinha assada nem martelinhos nem marchas. Aquela malta divertia-se à brava, e houve um fogo de artifício "do caraças", - desculpem a expressão - uma maravilha a condizer com os duzentos anos da comemoração.
Não sei porquê, hoje só me lembrei da Liga Feminina dos Feriados é Quando Um Governo Quiser. Aquelas senhoras deputadas do PS que tiveram a (nem sequer original!) ideia de mudar os nossos ricos feriados haviam era de ir pedir aos franciús pra mudarem o seu querido Catorze Juillê que inda iam fazer companhia à Marie Antoniette (desde que ouvi o Joé Castelo Branco pronunciar assim, acho muito mais chic) com um lindo colar tipo Guillotine à volta do pescoço, oh! se iam!!!
Ter um feriadinho é bom, lá isso é. Mas não é o mais importante: pra muitas pessoas aquela data tem um significado, tem a importância de ter sido naquele mesmo dia, há muitos (ou poucos) anos que aconteceu qualquer coisa que fez mudar a vida de muita gente - quase sempre de um país inteiro, às vezes de muitas pessoas em muitos países (como no caso do Natal dos católicos).
Um feriado não é (mais) um dia de folga que só serve pra diminuir a produtividade do país - um feriado é um dia para lembrar um momento histórico, contar aos mais novos o que aconteceu naquele dia que o tornou digno de ficar assinalado no calendário.(eu só vivi um dia histórico que foi o 25 de Abril, e quando a minha Cèlinha era chavalita contei-lhe muitas vezes a história e as minhas histórias daquele dia: pelo menos aquele pedacinho da História de Portugal, ela conheceu-o pela boca de uma testemunha, e ficou a saber como foi importante - para mim e para ela)
Se a Liga Feminina dos Feriados é Quando Um Governo Quiser propusesse que nos feriados todos os órgãos de informação - escrita, falada e televisionada - fossem obrigados a transmitir pelo menos um programa de meia hora sobre o acontecimento, aí sim, o país ficava a ganhar: haveria mais uns quantos portugueses a conhecer melhor a nossa História.
O problema é que hoje só se pensa no dinheiro que se pode espremer das pessoas, e nunca nas pessoas a quem se espreme o dinheiro.
A gente sabe que a crise tá brava, que é preciso produzir, e coisa e tal - mas será essa a única forma? (Lembra-me quando o Primeiro Ministro Tosco Cavaco quis fazer o Sol nascer mais cedo por causa da economia, e as criancinhas iam prà escola de noite e não queriam deitar-se às 10 horas porque ainda era de dia, e até o meu Cocó apanhou uma coisa que era assim tipo Jet Lag e andou maluco um ror de tempo. Ao fim de contas a medida acabou por não vitaminar a economia nem as empresas, e voltámos à hora antiga, graças ao bom-senso de um governo seguinte).
Voltando ao princípio da história, pois que Vive la France e que viva o nosso Sérgiô Paulinhô que hoje meteu uma lança na Bastilha e ganhou a etapa da volta à França. Força nas canetas, Sérgiô, parabéns pour toi, e assim toda a gente volta a lembrar-se do nosso Ágostinhô que foi o nosso primeiro herói internacional das duas rodas! (e se puderes ganhar essa coisa tanto melhor, que os nossos vacanças vão ficar felizes e orgulhosos, oh. se vão!)
Alonzâfâ de lá pátriiie, le jour de gloir'ééét'arrivê!
La Carmagnole - canção revolucionária de autor desconhecido, criada em 1792 - dois anos depois da Revolução Francesa - tornou-se muito popular em toda a França (pelo menos, foi o que me explicou a patroa da prima Mariette)