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31 da Sarrafada

31 da Sarrafada

08
Abr11

Oiçam bem esta voz!

Vitriólica

 "Fala do Homem Nascido", poema de António Gedeão, com música de José Niza - do EP "Cantar de Emigração", 1971

 

 

 

Faz hoje sessenta e nove anos que nasceu, no Porto, o Adriano Correia de Oliveira. Só quem o ouviu sabe o que isto quer dizer.
Eu "conheci-o" há quarenta e tal anos, através dos discos que eram tocados às escondidas e em surdina, (a noite, na areia da praia, num pequeno gira-discos portátil) e aquela voz cantava coisas que traziam o desespero do povo sem liberdade nem direitos que éramos todos nós, portugueses, antes de Abril Cravo de Abril. Aquela voz trazia também a revolta - e a esperança, que só chegou muitos anos depois.

A voz do Adriano é uma VOZ; as letras e poemas que cantava diziam coisas importantes - importantes naquele tempo, e importantes hoje também, neste tempo em que os governos e as ultra-grandes empresas do mundo nos querem transformar a todos em rodas da engrenagem sem direitos, nem voz nem liberdade.

Vão conhecer esse homem que era grande por fora e muito maior ainda por dentro, e que como todos os que são bons foi embora cedo demais. Procurem e oiçam os discos dele, as canções que gravou e que hoje o tornam presente.
E disse.

(nota: este texto foi originalmente publicado aqui há sete anos; mas a voz do Adriano, as palavras de Gedeão e a música de José Niza que tão bem serve ambos não têm idade e por isso não envelhecem)

 

08
Abr11

|| Eu a falar sozinho

Mr Simon

 

 

 

 

 

O que é mais preocupante: ver quem votou contra o PEC 4 a aplaudir a chegada do PEC 4 elevado ao cubo sob a forma de “ajuda europeia”, ver quem sempre manifestou indisponibilidade para governar com o FMI recandidatar-se ao cargo de primeiro-ministro sabendo à priori que vai governar com o FMI encapuzado de éfe-é-é-éfe, ou não me recordar de alguma vez ter votado num candidato chamado Jean-Claude Juncker?

 

(Em stereo)

 

(Na imagem fotograma de The Good, the Bad and the Ugly)

 

 

 

 

 

 

 

08
Abr11

Liga Europa: Arigato nuclear

Pedro Figueiredo

 

Percebo que o momento da política nacional dava vários olhares críticos, mas decidi fazer uma pausa. O pedido de ajuda externa é suficientemente grave e humilhante para quem, ao longo destes anos, teve a responsabilidade de ir encontrando soluções para um problema que parece histórico e afecta como as marés. É a constatação de que, de facto, a carta de um governador romano a César, já nessa altura estava certíssima, agora com uma actualização vergonhosa: estranho povo que não se governa e é obrigado a deixar-se governar.
 
A minha reflexão desta semana vai para outro estranho povo. Fico pasmado com o abnegado estoicismo dos japoneses, registado na sequência dos tristes acontecimentos de Fukushima. Eles, mais do que ninguém, deveriam conhecer os malefícios do nuclear, anos após (não muitos) de Hiroshima e Nagasaki, vendido e distribuído em forma de energia em nome do progresso. E ninguém tem dúvidas do progresso do Japão. Renascido de verdadeiras cinzas da II Guerra Mundial, voltou ao grupo das mais fortes economias mundiais, criando e produzindo o que de mais avançado tecnologicamente surge no mundo.
 
De todos os países com centrais nucleares, tenho a certeza que o Japão não estava no topo das preocupações de ninguém. Alguém imaginaria a catástrofe que se abateu por ali? O caso torna-se ainda mais estranho quando não se conhecem manifestações de pânico, fugas em massa, protestos por claras opções políticas que trouxeram, mais uma vez, a desgraça ao povo japonês. Não consigo entender a aparente passividade (sabe-se lá o que vai na alma daquela gente...) com que a população encara a sua sorte, quando muitos devem perceber que o pior está ainda para vir.
 
O que pensará, agora, por exemplo, Mira Amaral em defesa da energia nuclear? Aplique-se o princípio das agências de rating: passou de seguríssima e limpa para razoavelmente segura e aceitavelmente asseada (com tendência negativa).

 

Imagino que os amantes das estatísticas dirão logo a correr que os ganhos continuam a ser exponencialmente vantajosos. Quantas centrais nucleares existirão no Mundo? Quantos acidentes ocorrem? A relação pode determinar uma eficácia tremenda, isto se não levarmos em linha de conta os prejuízos que as centrais originam de cada vez que há um "azar". E não me refiro a custos materiais e sim humanos. E naturais. Quem vai comer peixe do mar de Fukushima, com níveis de iodo radioactivo superiores em cinco milhões de vezes ao que é normal? Pouco saboroso sushi...
 
Para os mais esquecidos (confesso que nem tinha conhecimento!), a minha camarada sarrafeira Vitriólica deu-me uma preciosa ajuda ao lembrar o que Portugal protagonizou quando se começou a falar em energia nuclear por aqui, na década de 1970. Ferrel, em Peniche, é um nome que pode avivar algumas memórias, mas há também os gritos de alerta da Lena d'Água ou a intervenção mais doce e terna do Fausto.

 

Não me recordo dos japoneses protestarem contra o que quer que seja. Mas como cantava bem a Lena d'Água: mais vale ser activo hoje do que radioactivo amanhã. Agora é fácil perceber que há protestos que não são estéreis: Nuclear? Não, obrigado

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