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31 da Sarrafada

31 da Sarrafada

27
Abr11

Dear Europe

arcebisposarrafeiro

 

Dear Mrs. Merkel, Dear Mr. Sarkozy, Dear Mr. Cameron, Dear Mr. Barroso (ok, José Manuel for you), Dear Islanders, Dear fellow (?) citizens of the other twenty six countries of the European UNION,

 

Do you know what the real problem is with Portugal? Let me tell you: our problem is that we are deeply, profoundly and irreparably stupid, as a people, as a whole, I mean. We've always been, always will be.

The problem, our problem, is that we weren’t in this for the money. We're used to be poorer than you guys and can cope with living with that. No, for us, Portuguese people, it wasn't a business, it was - now call us stupid, we know - because we believed we were to be all European. European citizens. You know, somehow like neighbours, like friends. We tend to believe.

We are very, very stupid.

 

Please do punish us accordingly.

 

Your humbly

 

A Portuguese citizen

 

15
Abr11

Liga Europa: O pesadelo de Schuman

Pedro Figueiredo

 

Lembro-me da cadeira de Estudos Europeus na faculdade como uma das matérias mais secantes dos tempo de universitário, mas tenho-me lembrado do assunto nos últimos tempos demasiadas vezes. Andava com o Tratado de Roma (em livro) debaixo do braço para trás e para a frente (ainda o guardo numa estante), mas o nome de Robert Schuman (e também Jean Monet) foi o que mais me ficou na memória. Talvez por ser o mais emblemático e sonhador de um continente que gostava de ver unido, a quem o Parlamento Europeu (do qual foi o primeiro presidente) declarou carinhosamente como o «Pai da Europa».

 

O pós-guerra também terá contribuído (e muito!) para a fermentaçao da ideia de uma Europa sem conflitos e o sonho começou a ganhar forma. Sabia-se que o percurso seria longo, mas como diz António Machado no seu poema: o caminho faz-se caminhando. E assim nasceu, em 1952, a CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço).
 
Não quero espetar uma seca a ninguém, mas a história ensina sempre muito do presente e a nota introdutória serviu apenas para facilitar a ligação entre o sonho de Schuman e o pesadelo egoísta que o velho continente está a viver. Os passos foram sendo dados e com a CEE, mais tarde rebaptizada União Europeia, imaginou-se que já se tinha ultrapassado o chamado ponto-do-não-retorno. Houve toda uma geração de políticos (anos 80 e 90) que regaram bem a semente de Schuman e mesmo contra alguns eurocépticos foram fazendo acreditar que a Europa, mesmo com toda a sua diversidade cultural, podia funcionar como um bloco forte e compacto.
 
Só que jamais seria na bonança que se revelaria a consistência da coesão europeia, se é que alguma vez existiu. A crise global (porque a globalização é para bem e para o mal) acabou por revelar a imensa manta de retalhos que é esta velha Europa, pessimamente preparada para as adversidades de um mercado que já não tem só no bloco norte-americano e no Japão (e outros países satélites asiáticos) um rival. Há países (já não emergentes) que marcam (e controlam) a agenda económica, alguns dos quais nem se fazia a mínima ideia que pudessem chegar onde estão (como o Brasil).Este recente episódio (e era aqui que queria chegar) da possível recusa da Finlândia em contribuir para o resgate financeiro de Portugal é só mais uma brecha na (des)União Europeia, que mostra não ter a mínima ideia do que quer para si mesma, não só agora, como num futuro a médio e longo prazo. É certo que as circunstâncias históricas também não jogam a favor. Para além de uma crise mundial grave, esta geração de políticos está longe de ter a estrutura mental, ideológica e mais importante ainda, a perspectiva de futuro que tiveram outros que os precederam, que os catapultaram da simples categorização de políticos à de verdadeiros estadistas. Daqueles para quem a História guarda sempre um lugar de honra. Veja-se, por exemplo, a diferença entre Angela Merkel e Helmut Kohl.
 
Que em Portugal não se perceba que esta é a hora de colocar de lado as diferenças ideológicas e partidárias e combinar esforços para mudar o rumo do país, não me espanta. Afinal, desde sempre que nunca nos soubemos governar nem deixámos que nos governassem (esta segunda parte já teve que mudar)! Agora que o mesmo se passe no resto da Europa, já me custa. Já nem os políticos escondem os seus umbiguismos, que facilmente resvalam para a estupidez. Há uns tempos foi Cavaco Silva que ouviu do presidente da República Checa um ralhete em público pelas escandalosas derrapagens dos défices de alguns países europeus, numa clara alusão ao caso português. Curiosamente agora foi apanhado a surripiar uma caneta no Chile. Mais recentemente foi um turista 'acidental' finlandês que, na Madeira, disse abertamente a Passos Coelho que só esperava não ter que ser ele a chegar à Finlândia e a pagar aquele jantar.
 
É verdade que o respeito ganha-se, mas também se deve beber chá em pequenino e, pelo vistos, na Finlândia e na República Checa, não se deve ter esse hábito. Até porque o senhor deve esquecer-se que uma parte do seu jantar também teve a contribuição dos telemóveis Nokia que os portugueses compram. E é assim que vai a Europa... Mude-se o hino da Nona de Beethoven para a Lacrimosa do Requiem do Mozart. É mais apropriado.

08
Abr11

Oiçam bem esta voz!

Vitriólica

 "Fala do Homem Nascido", poema de António Gedeão, com música de José Niza - do EP "Cantar de Emigração", 1971

 

 

 

Faz hoje sessenta e nove anos que nasceu, no Porto, o Adriano Correia de Oliveira. Só quem o ouviu sabe o que isto quer dizer.
Eu "conheci-o" há quarenta e tal anos, através dos discos que eram tocados às escondidas e em surdina, (a noite, na areia da praia, num pequeno gira-discos portátil) e aquela voz cantava coisas que traziam o desespero do povo sem liberdade nem direitos que éramos todos nós, portugueses, antes de Abril Cravo de Abril. Aquela voz trazia também a revolta - e a esperança, que só chegou muitos anos depois.

A voz do Adriano é uma VOZ; as letras e poemas que cantava diziam coisas importantes - importantes naquele tempo, e importantes hoje também, neste tempo em que os governos e as ultra-grandes empresas do mundo nos querem transformar a todos em rodas da engrenagem sem direitos, nem voz nem liberdade.

Vão conhecer esse homem que era grande por fora e muito maior ainda por dentro, e que como todos os que são bons foi embora cedo demais. Procurem e oiçam os discos dele, as canções que gravou e que hoje o tornam presente.
E disse.

(nota: este texto foi originalmente publicado aqui há sete anos; mas a voz do Adriano, as palavras de Gedeão e a música de José Niza que tão bem serve ambos não têm idade e por isso não envelhecem)

 

08
Abr11

|| Eu a falar sozinho

Mr Simon

 

 

 

 

 

O que é mais preocupante: ver quem votou contra o PEC 4 a aplaudir a chegada do PEC 4 elevado ao cubo sob a forma de “ajuda europeia”, ver quem sempre manifestou indisponibilidade para governar com o FMI recandidatar-se ao cargo de primeiro-ministro sabendo à priori que vai governar com o FMI encapuzado de éfe-é-é-éfe, ou não me recordar de alguma vez ter votado num candidato chamado Jean-Claude Juncker?

 

(Em stereo)

 

(Na imagem fotograma de The Good, the Bad and the Ugly)

 

 

 

 

 

 

 

08
Abr11

Liga Europa: Arigato nuclear

Pedro Figueiredo

 

Percebo que o momento da política nacional dava vários olhares críticos, mas decidi fazer uma pausa. O pedido de ajuda externa é suficientemente grave e humilhante para quem, ao longo destes anos, teve a responsabilidade de ir encontrando soluções para um problema que parece histórico e afecta como as marés. É a constatação de que, de facto, a carta de um governador romano a César, já nessa altura estava certíssima, agora com uma actualização vergonhosa: estranho povo que não se governa e é obrigado a deixar-se governar.
 
A minha reflexão desta semana vai para outro estranho povo. Fico pasmado com o abnegado estoicismo dos japoneses, registado na sequência dos tristes acontecimentos de Fukushima. Eles, mais do que ninguém, deveriam conhecer os malefícios do nuclear, anos após (não muitos) de Hiroshima e Nagasaki, vendido e distribuído em forma de energia em nome do progresso. E ninguém tem dúvidas do progresso do Japão. Renascido de verdadeiras cinzas da II Guerra Mundial, voltou ao grupo das mais fortes economias mundiais, criando e produzindo o que de mais avançado tecnologicamente surge no mundo.
 
De todos os países com centrais nucleares, tenho a certeza que o Japão não estava no topo das preocupações de ninguém. Alguém imaginaria a catástrofe que se abateu por ali? O caso torna-se ainda mais estranho quando não se conhecem manifestações de pânico, fugas em massa, protestos por claras opções políticas que trouxeram, mais uma vez, a desgraça ao povo japonês. Não consigo entender a aparente passividade (sabe-se lá o que vai na alma daquela gente...) com que a população encara a sua sorte, quando muitos devem perceber que o pior está ainda para vir.
 
O que pensará, agora, por exemplo, Mira Amaral em defesa da energia nuclear? Aplique-se o princípio das agências de rating: passou de seguríssima e limpa para razoavelmente segura e aceitavelmente asseada (com tendência negativa).

 

Imagino que os amantes das estatísticas dirão logo a correr que os ganhos continuam a ser exponencialmente vantajosos. Quantas centrais nucleares existirão no Mundo? Quantos acidentes ocorrem? A relação pode determinar uma eficácia tremenda, isto se não levarmos em linha de conta os prejuízos que as centrais originam de cada vez que há um "azar". E não me refiro a custos materiais e sim humanos. E naturais. Quem vai comer peixe do mar de Fukushima, com níveis de iodo radioactivo superiores em cinco milhões de vezes ao que é normal? Pouco saboroso sushi...
 
Para os mais esquecidos (confesso que nem tinha conhecimento!), a minha camarada sarrafeira Vitriólica deu-me uma preciosa ajuda ao lembrar o que Portugal protagonizou quando se começou a falar em energia nuclear por aqui, na década de 1970. Ferrel, em Peniche, é um nome que pode avivar algumas memórias, mas há também os gritos de alerta da Lena d'Água ou a intervenção mais doce e terna do Fausto.

 

Não me recordo dos japoneses protestarem contra o que quer que seja. Mas como cantava bem a Lena d'Água: mais vale ser activo hoje do que radioactivo amanhã. Agora é fácil perceber que há protestos que não são estéreis: Nuclear? Não, obrigado

01
Abr11

Não usem o direito a torto e a direito (pá!)

arcebisposarrafeiro

Direito à greve? Claro que sim, agora talvez mais que nunca desde 74. Mas, e  direito a greves justas? Esse não temos? Porquê?
Qual a lógica de fazer greves que apenas prejudicam quem as faz e os utentes dos serviços em greve e nunca as entidades e atitudes contra as quais se protesta? Que ganham os trabalhadores em greves que, uma após outra nada resolvem, em ter ainda a opinião pública contra eles? Por comodismo, falta de solidariedade, compreensão... será. Mas uma realidade. Ninguém gosta de não ter transporte para o trabalho por causa de uma greve.
Podia ser diferente? Eu acredito que sim. Sempre pensei e ouvi "porque é que não fazem greves que atinjam as entidades patronais e não os utentes?". Sempre ouvi "lamentamos mas não há outra forma". Há. Greves de zelo. Se em Março os trabalhadores da empresa de transportes X anunciarem que no mês de Abril não irão ser verificados os títulos de transporte, dando um claro e seguro sinal - não vale depois mudar a meio, porque isso sim é uma luta - de que "em Abril não se paga", quanto vai doer isso em milhares de passes e bilhetes por vender? Talvez não servisse de nada quando no sector público o solícito estado correria a tapar esses eventuais buracos... com o nosso dinheiro... Hoje não pode. Não tem. Iria "doer", sim.
Porque conseguem negociar com as administrações os operários de uma fábrica? Porque os patrões precisam da fábrica a laborar para ter lucros. Só. Pela mesma razão são inócuas as greves da função pública. O patrão Estado já não tem lucro, que mais dá uma greve se até reduz custos?

01
Abr11

Liga Europa: Ecrãs azuis no sistema operativo laranja

Pedro Figueiredo

 

É a loucura no Twitter cada vez que há um acontecimento político (e até económico) relevante para o nosso país. Há ainda o Prós e Contras, que não cabendo em nenhuma das alíneas anteriores, açambarca as duas tornando-as num lindo naperon de sala de estar: todos gostam de ver, mas quando viram as costas já ninguém se lembra dele.
 
Foi assim na comunicação do excelentíssimo PR à nação esta noite. Já todos sabiam o que o inquilino de Belém iria dizer, mas o impacto estava nos comentários do antes, durante e depois do universo tuiteiro. Mas não é isso que me traz aqui hoje, nem tão-pouco a pobreza franciscana da acção frenética de Cavaco Silva. Como é enérgico o nosso Presidente da República. Dá gosto vê-lo trabalhar!
 
No exacto dia em que o PEC 4 foi chumbado (ou não aprovado, conforme as leituras psicossomáticas), Sócrates nem esperou pelo desfecho da contagem. Saiu a correr a Belém apresentar a carta de demissão. Já havia quem esfregasse as mãos de contentamento, ainda que por baixo de uma capa de poesia política com o alto patrocínio da Microsoft que isto de abrir janelas tem muito que se lhe diga!

 

O problema é que ainda nem o sistema operativo laranja está instalado no computador governamental e já dá os famosos blue screens de erro! A ideia de se aumentar o IVA, logo no dia a seguir ao chumbo do PEC foi de génio. Diz Passos Coelho que será só em desespero. Mas, afinal, não é mesmo essa a situação em dizem que o país se encontra?

 

A seguir piscam o olho aos professores. São mais de 100 mil cidadãos, com mais de 18 anos e, logo, eleitores! Mas a coisa pode não correr bem. Para começo de festa, o programa social-democrata está a precisar de um 'restart'. De tal forma, que já há dentro do partido quem avise que é preciso ter cuidado com o que se diz. Não se vá hipotecar o futuro com honestidade a mais...

 

Mas a pérola veio mesmo esta noite, pela boca de Miguel Macedo, líder da bancada parlamentar do PSD. Na reacção às declarações de Cavaco Silva, Macedo diz algo de extraordinário como isto: apesar de ser de gestão, o Governo tem todas as condições para resolver os problemas. Não haja dúvida. Aliás, agora sim é que isto anda para a frente. Sem poder para aumentar impostos e apenas com margem de manobra para cortar na despesa, agora é que o obeso Estado se vai ver obrigado a emagrecer compulsivamente. Agora sim, podem aumentar mais os juros da dívida pública. Afinal, que diabo, nós podemos pagar!

 

P.S. Foi precisamente ao Wall Street Journal que Passos Coelho justificou a minha teoria do amuo para o PSD ter feito cair o PEC IV e, consequentemente, o Governo. Está aqui, bem explicadinho!

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