Um país, dois sistemas
Manuel Alegre apela aos jovens que façam um pacto de insubmissão contra injustiças sociais. Eles já fizeram, contra sociais, políticas, económicas... chama-se abstenção.
Se calhar falta lançar um repto aos senhores políticos para que parem, tirem as palas para ver, sentir, pensar e começarem a preocupar-se. Ou sou só eu que até me costumo divertir com estas coisas que me questiono e chego a preocupar ao verificar que num barómetro (TSF) TODOS os líderes partidários e PR perdem popularidade, sem que funcionem os supostos e naturais mecanismos (lógica) de compensação?
Não serei grande analisador da coisa política, mas nem é disso que falo, é das gentes e da sua forma de pensar e agir. Como não sou analista político talvez fosse descabido recomendar à classe política que fizesse o mesmo, olhasse menos umbilical para dentro e atentasse(m) mais nos homens - os sem género, humanos, seres, nós, o outro sistema que aparentam desconhecer (e não há assessores que lhes valha).
Não vejo um país. Vejo dois sistemas, duas realidades, duas sociedades que vivem já não em paralelo mas em rectas divergentes. Há um Portugal da política, dos políticos, dos partidos, governos, presidentes da república, tribunais, justiça, polícia(s), ministérios, secretários de estado, sub-secretários, assessores, opinadores, comunicação social (em parte), da banca, das grandes empresas, dos demais órgãos de soberania e colaterais. Todos no mesmo saco? Não, numa bolha de onde aparentemente não se vê o outro país, o outro sistema, aquele em que vivemos nós, de insegurança na rua, no emprego - quando o há, na saúde, na justiça, na educação, no futuro. O país da economia paralela, sem IVA nem facturas, tentando em pleno direito fintar aquele outro sistema que nada nos diz, nada nos dá mas sempre pronto a tirar, porque a besta tem que ser alimentada.
Aprendi lá pela antiga quarta classe que na idade média a sociedade se dividia entre nobreza, clero e povo. Retirando o clero, bastava mudar a designação nobreza (pois que por vezes nem de carácter) e aqui estamos a caminhar para mil anos atrás, um país, duas realidades, duas classes que pouco mais querem uma da outra senão um jogo do gato e do rato em que uma tenta "safar-se" e a outra também.