O gajo era tramado (pá!)
A verdade sabida e reconhecida é que Saramago era... torcidinho, vá. E como todos os mestres conseguiu partir em grande, entalando uns, lixando outros, contradizendo, baralhando... Senão vejamos.
Lixou a igreja ao passar-lhes à frente. Agora ele sabe mais que todo o Vaticano junto. O que há ou não há, o que existe ou não, se existe ou não, se é filho da puta ou eternamente misericordioso. Saramago sabe (ou sabe que não há nada para saber, sendo que nesse caso não sabe mas também já não interessa), a Igreja não, pode apenas acreditar.
Entalou o Cavaco com o funeral de tal forma que nem o estar nos Açores o safou. Levou e ainda leva na cabeça por não ter ido mas se como nas novelas houvesse um final alternativo em que Cavaco ia, seria mais ou menos assim: "ó da guarda, malandro, qu'é que vieste cá fazer co homem não gostava de ti, vai'tembora que ele não te quer cá, é uma hipocrisia, demagogia, telepatia, silêncio calma feitiçaria da tua alma" (lembramos os espectadores que aqui o defunto continua morto pelo que assumimos lhe seja relativamente indiferente se Cavaco está ou não).
Há ainda a somar os defensores do "não gostava de Portugal" a quem gostaria de poder oferecer um exemplar de "Viagem a Portugal" e talvez começassem por perceber quanto Portugal conhecem e quanto Portugal conhecia Saramago. Não podendo, prometo mostrar um dia a casa que Saramago há poucos anos alugou na Rua Afonso Lopes Vieira, ali à Av. do Brasil em Lisboa. É uma zona muito calma da cidade, ali entalada entre as avenidas da Igreja e do Brasil. Eu sei porque fui semi-vizinho dele, tenho casa numa pequena praceta colada a essa rua. Para quem não gostava, escolheu bem.
E depois isto: dias que passem, mais se fala, mais se lê (de e sobre) como tomara muito vivo. Com um novo tabu-Gama à porta, Saramago promete manter-se um verdadeiro trending topic. Da minha parte garanto que não tenho nenhuma fixação em Saramago. Esta duplicação é mera coincidência. Ou não...