O dia de Camões, de Portugal e dos gajos que se piraram
Em declarações ao 31 da Sarrafada, Camões disse: "C'um caneco!"
Eis o dia de Camões. O dia de Portugal. Curiosamente, um feriado em que também se celebram os milhões que acharam melhor fugir daqui a sete pés. Antes a saudade do que o ordenado mínimo, pensaram eles. Ou, na versão dos anos 60: "antes a saudade do que uma sardinha para oito".
É também uma forma de encorajar mais malta a pirar-se antes que Cavaco Silva mande encerrar as fronteiras para impedir os gastadores imundos de desperdiçar divisas no estrangeiro.
Noutros países, o dia da nacionalidade é celebrado com grandes desfiles militares. Em Portugal, com desfiles de ferro-velho e contrapartidas manhosas negociadas por Paulo Portas e quejandos.
A polícia irá desfilar com pistolas novinhas em folha fora dos coldres porque alguém se esqueceu de os encomendar.
A cavalaria irá mostrar os modernos Pandur devidamente montados em cima de reboques da Auto Reparadora da Buraca.
A seguir, um pelotão de funcionários do tribunal marchará com garbo empunhando as resmas de papel do processo de aquisição de submarinos aos alemães.
Por fim, desfilará o recém-criado "Regimento de Infantaria de Mocas de Belém" que exibirá as G3 renovadas para utilização como armas de arremesso. Este novo programa das forças armadas pretende solucionar o problema causado pelo 56º adiamento do concurso de aquisição de espingardas de assalto e dar mais uns aninhos de vida útil à nossa fiel companheira de tantos anos.
O encerramento do desfile contará com as célebres e vistosas "Casas com piscina", e uma mostra de bens adquiridos por oficiais-generais nos últimos anos.
Divirtam-se e abanem muito as bandeirinhas.