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31 da Sarrafada

31 da Sarrafada

27
Jan11

Liga Europa: Não nos habituem mal

Pedro Figueiredo

 

 

Fiz quase uma espécie de juramento que não iria escrever sobre as presidenciais. Contudo, ontem aconteceu algo que não podia deixar passar, pelo simples facto de que pode ser perigoso habituar o povo às naturais consequências políticas quando alguma coisa corre mal. Assim, até dão a ideia que vivemos numa democracia madura e em perfeitas condições de funcionamento.

 

Reeleição do inquilino de Belém à parte, a verdade é que a trapalhada que se verificou com os cartões de cidadão no dia das eleições tem dado que falar. O assunto foi noticiado em larga escala (conseguiu colocar mesmo para segundo plano as declarações habituais dos protagonistas num dia em que muito pouco teriam a dizer - até ao encerramento das urnas, obviamente) e amplamente debatido nas redes sociais do costume.

 

 

Em circunstâncias normais, a decisão seria encarada como natural. O problema é que num país onde a culpa morre sempre solteira, desta vez não pode haver excepção à regra e mesmo com o pedido de demissão de Paulo Machado e Jorge Miguéis, o ministro ainda está a ponderar se neste caso a culpa muda de estado civil.

 

Compreendo a relutância de Rui Pereira. Afinal de contas, é um perigo para o 'normal' funcionamento da nossa imatura democracia, abrir tão grave precedente. Aceitar o duplo pedido de demissão seria reconhecer a culpa dos directores-gerais e isso, no futuro, sabe-se lá que caixa de Pandora poderia abrir.

 

Já não bastou o então ministro das Obras Públicas, Jorge Coelho, ter feito o mesmo na sequência da queda da ponte de Entre-os-Rios. O mais curioso - se chegaram a abrir o primeiro link - é que a mesma pessoa que exigiu agora o saída de Rui Pereira, se este tivesse vergonha na cara (acrescentou a mesma figura é bom que se relembre!), foi o mesmo que, tantos anos depois, veio manifestar a sua incompreensão pela demissão de Jorge Coelho, por ter tido, e passo a citar, uma «responsabilidade muito indirecta» no assunto.

 

Neste caso do cartão do cidadão, o Governo acabou por sofrer um choque tecnológico, ainda que de baixa voltagem. Afinal, com tamanha percentagem de abstenção, que mal tem uns eleitores (número indefinido e que não se saberá nunca ao certo) terem ficado sem a possibilidade de exercerem o seu voto? Da próxima corre melhor. É preciso é seguir em frente.

 

Porque quanto às demissões, veja lá senhor ministro, se passa um pano por cima disso - esse preto (do uso) que têm por aí, para estas ocasiões -, para não nos habituarem mal. Normal em Portugal é ninguém ter culpa de nada. Nem que para isso se tenha de mentir. Mas só depois de se ter bebido uns copos de água da Polícia Judiciária, claro!

 

 

 

26
Jan11

Ajudar os arguidos da Man Ferrostaal

FF

 

O juiz Carlos Alexandre alertou para o facto de ser preciso traduzir mais de mil páginas, para dar a conhecer a decisão aos dois arguidos alemães. O tribunal já pediu um orçamento, mas a tradução não deverá ser para breve, pois não há dinheiro.

 

Fonte: Rádio Renascença

 

Como Portugueses não podemos ficar de baixos cruzados! Proponho que se escreva um mail para o Tribunal Central de Instrução Criminal a perguntar como podemos ajudar. Não há por aí tradutores que queiram fazer este serviço público?

 

Imagem: "Birkenhead - German U Boat" AttributionNoncommercialNo Derivative Works Alguns Direitos Reservados por admanchester

25
Jan11

|| “Nem sequer quero saber se algum homem viveu antes de mim” (*)

Mr Simon

 

 

 

 

 

Quando a via eleitoral esgotou por falência dos partidos políticos e das suas propostas e a via armada não é sequer hipótese a equacionar, a alternativa passa pela desconstrução do passado e do presente através da paródia, da sátira, do nonsense, do copy/ paste, do ridículo e da profanação. Questionar tudo, atacar tudo, desorganizar tudo, ignorar (que não no sentido de “ignorância) deliberadamente todos as os significados e ideologias estabelecidas, entrar em choque com o mainstream instalado de forma a despertar o inconsciente, que não é erudito nem judicioso nem doutrinado, e que toda a gente tem um.

 

¡Ya basta!

 

(*) Capa de Dada n.º 3, 1917

 

(Em stereo)

 

 

 

 

 

 

 

25
Jan11

Mistérios Papais

FF

 

O Papa pede aos jovens para não criarem perfis falsos no Facebook. Até parece que Jesus, o filho de Deus, não se disfarçou durante 33 anos de filho de carpinteiro.

 

Guilhotine Inês na nossa página de Facebook acrescenta:

"Na Bíblia bem diz: "Não comentarás a foto de perfil da mulher do próximo" Matthew (ch. VII, v. 12) e "Não criarás um perfil falso no Facebook" Ecclesiastes (ch. IX, v. 10)."

 

Imagem: "Pope BenedictAttributionNoncommercialShare Alike Alguns Direitos Reservados pela Igreja Católica de Inglaterra e País de Gales

20
Jan11

Liga Europa: Todos para Erasmus, já!

Pedro Figueiredo

 

 

Uma das coisas mais extraordinárias em Portugal é a quantidade de comentadores que aparecem em todos os meios de comunicação. Aliás, não é à toa que os programas de participação directa nas rádios e nas televisões têm tanto sucesso. Não há nenhum fórum em que não fiquem participantes de fora pelas próprias obrigações de emissão. Todos têm sempre alguma coisa a dizer. É bom. Somos feitos de uma massa crítica e, afinal, como se fartam de dizer os políticos num tom entre o cínico e o orgulhoso, foi essa uma das grandes conquistas de Abril. No entanto, parece-me que aqui se aplica bem o velho ditado popular de que 'em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão'.

 

Ninguém é um exagero. Alguém haverá de ter um fundo de verdade no que diz, até porque isto também não é um país de mentecaptos. Bem pelo contrário. Há gente de grande valor e arrisco-me a dizer que são a esmagadora maioria. Se assim não fosse, porque têm os portugueses tanto sucesso quando vão para o estrangeiro, nem que seja para desempenhar funções de empregados de limpeza. Nunca encarei o facto de os portugueses serem trabalhadores apreciados no estrangeiro como um mito urbano. Tirando raras excepções, porque as há em todo o lado, a verdade é que sempre ouvi reconhecer as qualidades profissionais dos portugueses lá fora, independentemente das funções que possam exercer, desde o mais simples humilde empregado da construção civil ao mais qualificado economista, como é caso de Horta Osório. Não creio que que os ingleses estejam de acordo em pagar-lhe um ordenado à Cristiano Ronaldo, só pelo seu ar de manequim da Hugo Boss.

 

Muitas das vezes, quando deixamos os nossos filhos em casa de amigos, desdobramo-nos em recomendações, ainda no carro, antes de os deixar em casa de estranhos, a principal para que se portem bem e para que não façam asneiras. No fundo, para que não nos deixem ficar mal. Fica-se sempre com o coração nas mãos. Sabe-se lá o que farão, já que em casa temos maneira de controlar a situação de outra forma. O espanto aparece quando os vamos buscar. Correu tudo lindamente e regressamos a casa com o orgulho de outros pais acharem que temos uns anjinhos em casa. Quem tem filhos pequenos, reconhece esta história.

 

Voltemos, pois, a saltar para a dimensão nacional. A questão que se coloca é simples: se somos assim tão bons, porque não o somos dentro de casa? Porque é precisamente dentro de casa que sentimos o à-vontade de sermos precisamente quem somos. Não precisamos de fingir que somos bem comportados e só quando temos um pai ou uma mãe de regras rígidas e inflexíveis a toda a linha é que percebemos que nem dentro de casa podemos vacilar. É por isso que não me espanta o facto de haver, ainda, quem tenha saudades da ditadura, onde nem dentro de casa havia hipótese de sermos quem somos. É talvez por isso que a saudade seja considerada um sentimento tão português. Pudera, lá fora não é a mesma coisa que cá dentro. É como se o nosso país representasse a eterna juventude, os tempos em que se podia fazer tudo e tudo era justificado pela tenra idade...

 

Não me parece viável pedir a governantes escandinavos que venham fazer uma perninha aqui ao Sul da Europa, porque a população continuaria a sentir-se em casa e os resultados não seriam os melhores. Também não pedimos aos pais de nenhum dos amigos dos nossos filhos que venham lá a casa ficar umas noites para tomar conta da criançada. Voltar à ditadura, então, está completamente fora de hipótese (agora digo eu, foi para isso que serviu o 25 de Abril!). Logo, a solução mesmo é colocarmos o povo a fazer um Erasmus de cidadania no estrangeiro. Tenho a certeza que a União Europeia concordaria, apoiando como um projecto de verdadeira integração. Para aprendermos a ser bons cidadãos lá fora. Porque isto de criticar só os governos também tem muito que se lhe diga. É que parece-me que a nossa classe política é apenas um reflexo do país que somos.

 

Imagem: "Dala HorseAttributionNoncommercialNo Derivative Works Alguns Direitos Reservados por testpatern

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